"A dança pós-texto explora o próprio mecanismo de tornar possível o impossível, ou seja: o passado com o futuro, o visível com o invisível, e o conhecido com o desconhecido, na atmosfera do momento presente onde algo se desdobra que é da ordem das forças. Uma espécie de conto-portal." Fernanda Eugénio
Após a minha última criação, *O fazer do dizer* (CCB, 2023), comecei a pensar num solo para um público mais periférico, descentralizado e ausente das artes performativas contemporâneas. Assim nasceu *O que já está aqui*, que remonta às origens da cultura popular do contador de histórias para criar uma dança pós-texto sobre experiências "fora do comum" que ainda me intrigam — como, por exemplo, o caso de acreditar que conseguia hipnotizar o cão da minha avó ou entortar uma colher por telepatia com Uri Geller (um convidado nos programas de TV da manhã). (...)"
Ficha Técnica
Conceito e Coreografia Bernardo Chatillon
Apoio Dramatúrgico Fernanda Eugénio
Direção de Produção em estreia Cláudia Teixeira
Difusão Produção d’Fusão
FotografiaAlípio Padilha
Apoio Fundação GDA
Apoio à residência Trust Collective, Citemor – Festival de Montemor -o- Velho, O Espaço do Tempo.
Estreado em 2023
(…) O que faço é desmontar e abrir uma história a partir de um ponto de vista performativo. Eu sou como sou observado e invadido pelo que está na sala, e a minha presença torna-se um ponto de acesso para a composição e improvisação, enraizada numa “dança pós-texto”, uma ferramenta criativa iniciada durante o mestrado S.O.D.A. (Solo Dance Authorship) para responder à pergunta: quem sou eu?
Desenvolvida como uma prática de estúdio, em diálogo e experimentação com vários artistas, autores, performers e bailarinos, a dança pós-texto relaciona-se com a composição e improvisação em tempo real. Trata-se de uma narrativa de incorporação, quase mediúnica, pois utiliza a presença para atualizar e reformular a nossa história pessoal, envolvendo um contacto direto entre o público e o performer. Ao expor o meu próprio processo criativo, abro espaço para que outros se possam imergir comigo na experiência de composição e improvisação.
Quando conto novamente uma história num contexto de performance, novos elementos são incorporados. É diferente de contar a mesma história a um amigo. Durante este processo, a criação torna-se um acontecimento no momento, e cria-se uma ponte que ativa os elementos visíveis e invisíveis da sala. A história é um ponto de acesso, uma forma de alcançar os mundos que já existem. O texto é apenas um pretexto.
A história da minha primeira experiência com a pesca foi um dos materiais que surgiu com esta metodologia. Ao recontá-la, encontrei outras pessoas invisíveis. A história serve como um ponto de partida concreto, a partir do qual saio do mundo da abstração e entro em cena. Levo-a comigo e, a partir daí, o meu mundo desdobra-se. É apenas um começo. Quando atuo, preciso de ter os pés assentes no chão, enquanto envio a minha consciência/presença para o maior número de lugares possível, com a intenção de trazer algo de volta.
Ou seja, a história é uma ferramenta para aceder a diferentes dimensões que, ao serem expostas ao olhar do espectador, revelam uma nova forma de compreender a situação atual. A minha metodologia de torcer e transformar experiências concretas através da narrativa permite-me lançar uma linha para o desconhecido, para manifestar o que já está lá.
Quando conto uma história, os insights das minhas experiências no mundo contemporâneo tornam-se mais claros e fluem através dela. Eu tiro-a do seu habitat original e coloco-a em cena, transformando-a ao manifestá-la desta forma. O “material”, ou seja, a história, tem vida própria e responde às minhas questões sobre o invisível e o desconhecido com total simplicidade.
"A dança pós-texto explora o próprio mecanismo de tornar possível o impossível, ou seja: o passado com o futuro, o visível com o invisível, e o conhecido com o desconhecido, na atmosfera do momento presente onde algo se desdobra que é da ordem das forças. Uma espécie de conto-portal." Fernanda Eugénio
Após a minha última criação, *O fazer do dizer* (CCB, 2023), comecei a pensar num solo para um público mais periférico, descentralizado e ausente das artes performativas contemporâneas. Assim nasceu *O que já está aqui*, que remonta às origens da cultura popular do contador de histórias para criar uma dança pós-texto sobre experiências "fora do comum" que ainda me intrigam — como, por exemplo, o caso de acreditar que conseguia hipnotizar o cão da minha avó ou entortar uma colher por telepatia com Uri Geller (um convidado nos programas de TV da manhã). (...)"
Ficha Técnica
Conceito e Coreografia Bernardo Chatillon
Apoio Dramatúrgico Fernanda Eugénio
Direção de Produção em estreia Cláudia Teixeira
Difusão Produção d’Fusão
FotografiaAlípio Padilha
Apoio Fundação GDA
Apoio à residência Trust Collective, Citemor – Festival de Montemor -o- Velho, O Espaço do Tempo.
Estreado em 2023
(…) O que faço é desmontar e abrir uma história a partir de um ponto de vista performativo. Eu sou como sou observado e invadido pelo que está na sala, e a minha presença torna-se um ponto de acesso para a composição e improvisação, enraizada numa “dança pós-texto”, uma ferramenta criativa iniciada durante o mestrado S.O.D.A. (Solo Dance Authorship) para responder à pergunta: quem sou eu?
Desenvolvida como uma prática de estúdio, em diálogo e experimentação com vários artistas, autores, performers e bailarinos, a dança pós-texto relaciona-se com a composição e improvisação em tempo real. Trata-se de uma narrativa de incorporação, quase mediúnica, pois utiliza a presença para atualizar e reformular a nossa história pessoal, envolvendo um contacto direto entre o público e o performer. Ao expor o meu próprio processo criativo, abro espaço para que outros se possam imergir comigo na experiência de composição e improvisação.
Quando conto novamente uma história num contexto de performance, novos elementos são incorporados. É diferente de contar a mesma história a um amigo. Durante este processo, a criação torna-se um acontecimento no momento, e cria-se uma ponte que ativa os elementos visíveis e invisíveis da sala. A história é um ponto de acesso, uma forma de alcançar os mundos que já existem. O texto é apenas um pretexto.
A história da minha primeira experiência com a pesca foi um dos materiais que surgiu com esta metodologia. Ao recontá-la, encontrei outras pessoas invisíveis. A história serve como um ponto de partida concreto, a partir do qual saio do mundo da abstração e entro em cena. Levo-a comigo e, a partir daí, o meu mundo desdobra-se. É apenas um começo. Quando atuo, preciso de ter os pés assentes no chão, enquanto envio a minha consciência/presença para o maior número de lugares possível, com a intenção de trazer algo de volta.
Ou seja, a história é uma ferramenta para aceder a diferentes dimensões que, ao serem expostas ao olhar do espectador, revelam uma nova forma de compreender a situação atual. A minha metodologia de torcer e transformar experiências concretas através da narrativa permite-me lançar uma linha para o desconhecido, para manifestar o que já está lá.
Quando conto uma história, os insights das minhas experiências no mundo contemporâneo tornam-se mais claros e fluem através dela. Eu tiro-a do seu habitat original e coloco-a em cena, transformando-a ao manifestá-la desta forma. O “material”, ou seja, a história, tem vida própria e responde às minhas questões sobre o invisível e o desconhecido com total simplicidade.