Íamos de madrugada, e ao longe os montes já podiam ouvir o cantar, um colorido sonoro de mulheres e catraios que vinham agarrados às saias. Ali todas cantávamos, afinadas e desafinadas. Cantávamos e bailávamos aos amores acabados e concebidos e cantávamos a moda. E assim, de esguelha, dávamos voz ao descontentamento, sendo todas juntas uma mulher só.
Ficha Técnica
Direção, encenação e interpretação Helena Caldeira Assistente de encenação Afonso Viriato
Composição Ai que eu vou morrer, Ensina-me a tua moda, Abalar | Samuel Martins Coelho, Vizinhas | FOQUE Letras e Texto Helena Caldeira Voz Helena Caldeira Produção sonora FOQUE Sonoplastia FOQUE e Samuel Martins Coelho Piano Samuel Martins Coelho Desenho de Luz Manuel Abrantes Cenografia Daniela Cardante Figurinos Gabriel Daros Produção Bestiário Produção executiva Diana Almeida Difusão Produção d’Fusão Coprodução Câmara Municipal de Montemor-o-Novo Residências de coprodução O Espaço do Tempo, Alma D’Arame Apoios financeiros Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, RTP Apoios Rancho Folclórico Fazendeiros e Etnográfico de Montemor-o-Novo, Grupo de Cante Alentejano Fora D’Oras e Ecos do Monte
Espectáculo criado com o apoio à criação Carta em Branco, uma iniciativa da RTP.
MAIS SOBRE O ESPETÁCULO
A tradição do cante foi passada pelos camponeses ao longo de gerações, enquanto trabalhavam nos campos. Era uma prática corrente e informal, cotidiana, dos finais do século XIX e princípios do século XX. Na via pública eram entoados por homens e mulheres em conjunto (os descantes). Na sua génese esteve presente a intervenção e promoção institucional.
É provável que alguns dos primeiros grupos tenham sido fundados segundo o projecto político nacionalista do período da Ditadura Militar e do Estado Novo. A formalização do cante em grupos corais organizados como concorrente do canto espontâneo permitiria maior controlo de uma prática susceptível de transformar-se em expressão da contestação.
É neste contexto de “domesticação” e de instrumentalização política do cante que a mulher se vê arredada da sua prática formal. O cante, praticado e transmitido entre gerações em contextos informais, é entoado por homens e mulheres, mas nas fileiras dos grupos corais perfilam homens. (…)
Íamos de madrugada, e ao longe os montes já podiam ouvir o cantar, um colorido sonoro de mulheres e catraios que vinham agarrados às saias. Ali todas cantávamos, afinadas e desafinadas. Cantávamos e bailávamos aos amores acabados e concebidos e cantávamos a moda. E assim, de esguelha, dávamos voz ao descontentamento, sendo todas juntas uma mulher só.
Ficha Técnica
Direção, encenação e interpretação Helena Caldeira Assistente de encenação Afonso Viriato
Composição Ai que eu vou morrer, Ensina-me a tua moda, Abalar | Samuel Martins Coelho, Vizinhas | FOQUE Letras e Texto Helena Caldeira Voz Helena Caldeira Produção sonora FOQUE Sonoplastia FOQUE e Samuel Martins Coelho Piano Samuel Martins Coelho Desenho de Luz Manuel Abrantes Cenografia Daniela Cardante Figurinos Gabriel Daros Produção Bestiário Produção executiva Diana Almeida Difusão Produção d’Fusão Coprodução Câmara Municipal de Montemor-o-Novo Residências de coprodução O Espaço do Tempo, Alma D’Arame Apoios financeiros Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, RTP Apoios Rancho Folclórico Fazendeiros e Etnográfico de Montemor-o-Novo, Grupo de Cante Alentejano Fora D’Oras e Ecos do Monte
Espectáculo criado com o apoio à criação Carta em Branco, uma iniciativa da RTP.
MAIS SOBRE O ESPETÁCULO
A tradição do cante foi passada pelos camponeses ao longo de gerações, enquanto trabalhavam nos campos. Era uma prática corrente e informal, cotidiana, dos finais do século XIX e princípios do século XX. Na via pública eram entoados por homens e mulheres em conjunto (os descantes). Na sua génese esteve presente a intervenção e promoção institucional.
É provável que alguns dos primeiros grupos tenham sido fundados segundo o projecto político nacionalista do período da Ditadura Militar e do Estado Novo. A formalização do cante em grupos corais organizados como concorrente do canto espontâneo permitiria maior controlo de uma prática susceptível de transformar-se em expressão da contestação.
É neste contexto de “domesticação” e de instrumentalização política do cante que a mulher se vê arredada da sua prática formal. O cante, praticado e transmitido entre gerações em contextos informais, é entoado por homens e mulheres, mas nas fileiras dos grupos corais perfilam homens. (…)